Piaget

Para mim, basicamente a aprendizagem seria o processo em que o sujeito constroe o conhecimento. Pensando de um ponto de vista evolutivo e de manuntenção da espécie humana, creio que os indíviduos tendem a buscar o conhecimento em via das suas necessidades para um melhor domínio da realidade. Mas para que ele construa o conhecimento é necessário a ativação de alguns processos psicológicos, que são: a motivação, a atenção e a memória. A motivação seria realmente o quanto o indivíduo está interessado por algo. A motivação também se relaciona às necessidades do indíviduo. Muitas vezes em sala de aula eu não consigo me motivar para determinadas aulas pois não sinto necessidade no que se está sendo apresentado. Pois eu posso muito bem depois pegar um livro, ler e aprender a mesma coisa. Minhas necessidades dentro das instituições de ensino, escola e universidade sempre foram e são basicamente pautadas na nota, nas avaliações. E consequentemente a motivação da pessoa, que é colocada numa situação de ensino-aprendizagem, influencia na atenção que irá corroborar sobre a retenção, sobre a captação e memorização do que está sendo apresentado. A nossa memória seria uma espécie de certificação interna da nossa própria aprendizagem. Essas relações de motivação, atenção e memória foram mais bem exploradas em sala de aula, com a teoria de Gagné, quando a gente teve a tarefa de organizar por ordem os processos de aprendizagem definidos por ele.
O que mais me intriga dentro do estudo da aprendizagem é a observação do que foi aprendido. O que normalmente é passado para nós nas avaliações escolares e mesmo dentro da universidade, é que devemos de certa forma poder reproduzir aquilo que foi passado. Reproduzir o comportamento mostrado. E os sistemas de ensino vigentes se preocupam mais com o desempenho dos alunos, do que com a aprendizagem em si.
Foi-se discutido em sala de aula a relação da aprendizagem com o desenvolvimento. E eu pude perceber que ocorre uma complementariedade e um movimento cíclico entre esses dois processos e são totalmente interligados. O indíviduo em um certo momento só consegue aprender determinada coisa se seu organismo estiver desenvolvido o suficiente. Mas isso eu irei falar mais a frente quando eu tratar especificamente de Piaget. Porque entra também a noção dos conceitos de assimilação, acomodação e equilibração.
Há muitos preconceitos em relação ao behaviorismo, e consequentemente ao tratamento teórico do behaviorismo a cerca da aprendizagem. Só que para mim, o behaviorismo é uma abordagem extremamente interessante, pois ao contrário do que se é passado, o behaviorismo vê o sujeito influenciado pelo meio, mas o sujeito também cria o meio onde ele está. O sujeito modifica e é modificado pelo meio. O preconceito que se tem é de que o behaviorismo reduziria o sujeito a uma simples máquina humana, mas o que não é verdade. Princinpalmente na aprendizagem. E Skinner, pensando no processo de ensino-aprendizagem pensou a educação em cima do reforçamento positivo e não da punição. É comprovado que ao ensinar um indíviduo através da punição, da coerção e nesse sentido visando o que não se quer, ele invariavelmente irá apresentar o comportamento “desviante”.
Dentro da pespectiva cognitivista foi-se apresentado alguns autores: Bruner, Ausubel e Piaget. Bruner focava a aprendizagem como um processo ativo do sujeito. Onde o professor faria perguntas que estigassem a curiosidade dos alunos a fazerem descobertas únicas. Pensando na teoria de Gagné, se relaciona completamente com a noção de pertinência da motivação com a aprendizagem. E uma coisa muito interessante que Bruner propõe é o currículo escolar organizado em espiral acompanhando o desenvolvimento do sujeito. Eu consigo fazer uma relação ai com o método de fotoleitura que eu utilizo para ler meus textos. Na verdade o processo de fotoleitura seria um aprofundamento sistemático do texto. Em começo folheando as folhas do texto de forma bem rápida, mais ou menos uma página por segundo. Em seguida eu folheou o texto em busca de palavras chaves. Depois eu vou olhando o texto mais devagar e parando e lendo algumas frases que eu acho significativa. Dou alguns minutos para processar as informações a nível inconsciente, e volto ao texto, agora lendo mais aprofundadamente. O engraçado que esse processo também envolve a assimilação, acomodação e equilibração. Mas de uma forma bem dinâmica. E isso que o que Bruner propõe seria revolucionário pois a medida que o sujeito vai aprendendo e vai se desenvolvendo, os conteúdos, assuntos e novos conhecimentos apresentados a ele serão gradativamente aprofundados.
Ausubel, também cognitivista, foi quem cunhou o termo “aprendizagem significativa. A teoria que ele construiu para mim mostra a realidade do nosso ensino expositivo, ao contrário do que ele propõe que seria o ensino por descoberta. O engraçado é que eu sempre me questionei e me questiono ainda para que eu ia para escola e para que eu vou a universidade, já que o nosso ensino é focado em uma atividade mecânica de memorização do conteúdo. Eu poderia muito bem passar o semestre todo dentro de casa e só ir para a universidade para entregar e fazer avaliações e apresentar trabalhos. Pensando nisso eu acredito que então, os alunos poderiam estudar os assuntos, o conteúdo em casa e ir na universidade tirar dúvidas com os professores. Ao invês de cada turma ter uma sala, o professor é que teria uma sala só para ele, e teria os horários de tirar as dúvidas do conteúdo lido. Só iriam os alunos que realmente leram os textos e os alunos se responsabilizariam mais pelo próprio conhecimento.
Mas minha verdadeira paixão é na teoria humanista. Quanto mais eu leio as obras de Carl Rogers, mais eu fico fascinado com a pureza do tratamento ao humano, a pessoa. Eu não consigo pensar em algo mais ideal para mim, do que vivenciar um processo de ensino-aprendizagem construido de forma humana. Como eu expus na minha outra reflexão, antes de aluno, ou professor, os indivíduos são pessoas. Só que percebo que é muito difícil a utilização completa dessas idéias em uma aplicação em nosso sistema de ensino vigente, autoritário e hierarquizado. Pois a abordagem humanista dá a liberdade a pessoa que ela própria construa o conhecimento. E nossa cultura também impossibilita a utilização mais humanizada de ensino, pois tem-se o medo de que tudo vire uma “baderna”, uma “anarquia” e que ninguém consiga aprender nada de verdade. Mas cada um tem sua forma de aprender, de se viver, de estar no mundo e deveria ser respeitado isso.
Finalmente falarei um pouco sobre Piaget. Piaget divide o desenvolvimento cognitivo em quatro fases. Essa distinção é importante quando se é correlacionado à aprendizagem. Pois como eu explicitei anteriormente, o desenvolvimento e a aprendizagem caminham juntamente interligadas. Hoje em dia, claro, as idades não são necessariamente as mesmas propostas por Piaget em cada nível, pois o contexto sócio-histórico é outro, só que invariavelmente todos os quatro períodos ( sensório-motor, pré-operacional, operacional-concreto, operacional-formal ), irão ser passados pelo indíviduo nessa mesma ordem, pode ser mais rápido, ou mais devagar, mas sempre seguindo está ordem. Porém é claro, alguns indivíduos mesmo estando em um determinado período, podem apresentar características de períodos anteriores. Pois s passagem de estágio não ocorre de maneira abrupta, mas progressiva.
Piaget coloca que as informações são estruturadas cognitivamente através de esquemas mentais por meio de da assimilação, acomodação e equilibração. Por exemplo, logo de início quando eu estava aprendendo a jogar xadrez, quando eu estava ainda aprendendo as regras do jogo, ou quando eu observava outras pessoas jogando, eu assimilava as informações com meus esquemas anteriores. Que no caso era o jogo de dama. Muitas informações do jogo de dama eu tentava assimilar com o de xadrez para poder acomodar as informações. Isso seria o processo de equilibração. Só que depois de um tempo, os meus esquemas anteriores provenientes do jogo de dama e talvez de outras fontes de conhecimento já não eram suficientes, então eu tive que criar esquemas mais específicos para o jogo de xadrez.
Piaget trás uma nova visão ao erro, na aprendizagem. Ele diz que o erro é importante, pois cria um desequilíbrio dos esquemas, marcando a necessidade de ajustes, modificações ou até mesmo a criação de novos esquemas. No exemplo que eu dei acima por exemplo, eu poderia ter tentado mover uma peça do xadrez, como eu movia uma peça da dama, só que daí a pessoa com quem eu estava jogando iria me advertir que eu estava cometendo um erro, fazendo com que eu ajustasse meus esquemas prévios.

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